Marcelo D2 e Um Punhado de Bamba encantaram o Araújo Vianna
No último sábado, dia 8 de julho, o Auditório Araújo Vianna recebeu “Marcelo D2 e Um Punhado de Bamba” – […]
No último sábado, dia 8 de julho, o Auditório Araújo Vianna recebeu “Marcelo D2 e Um Punhado de Bamba” – projeto do artista dedicado ao novo samba tradicional.
Estava bastante curiosa para conferir pessoalmente esse novo projeto do D2, pois, até então, eu só conhecia sua carreira no Planet Hemp ou no rap. No entanto, minha expectativa foi amplamente superada neste show. O passeio por essa jornada espiritual e criativa começou logo no momento em que percebi que o cenário do show, consistia em uma mesa de centro com os músicos dispostos ao redor, evocando imediatamente a essência pura do samba raiz. Além disso, fiquei encantada com a forma como os elementos e símbolos religiosos se harmonizaram não apenas nos telões e nas músicas, mas também em cada aspecto da apresentação em si.
Eram aproximadamente 21h30 quando Marcelo D2, acompanhado por “Um Punhado de Bamba” (nome de seu grupo especial de apoio), subiu ao palco, elevando instantaneamente a energia do local. O setlist escolhido transitou habilmente entre sucessos amplamente conhecidos pelo público, prestando homenagens a suas grandes referências no samba e apresentando músicas de seu último álbum, “IBORU”. Esse trabalho é definitivamente uma obra completa, que não se limita apenas às letras e melodias, mas também se expande para incluir referências visuais que se complementam tanto nos palcos quanto nos videoclipes.
“IBORU” é um trabalho em que D2 direciona seu olhar para a mistura entre o ancestral e o contemporâneo.
Sua música se torna o ponto de convergência onde hábitos, costumes populares e vínculos afetivos se entrelaçam, criando em uma produção marcada pela fusão entre tradição e vanguarda. O resultado é uma sonoridade única, que harmoniosamente mescla as essências do rap e do samba. Uma das principais inspirações para esse disco foi o sistema oracular “Ifá”, de matriz africana. O próprio título “IBORU” é extraído da saudação utilizada pelos praticantes de Ifá, que, em tradução livre, significa “que sejam ouvidas nossas súplicas”.
O show teve início com uma sequência de músicas do novo álbum: “Povo de Fé”, “Até Clarear” e “Fonte Que eu Bebo”. Além dessas, outras faixas do último trabalho foram contempladas, como “Pra Marcelo”, “Gandaia”, “Tambor de Aço” e a incrível “Só Quando Meu Samba Morrer”. Alguns dos momentos marcantes foram quando D2 prestou homenagens a Arlindo Cruz com a interpretação de “Meu Nome É Favela” e apresentou releituras de “Delegado Chico Palha” (de Zeca Pagodinho), “Água de Chuva no Mar” (de Beth Carvalho), entre outras. O trabalho anterior de D2, “Assim Tocam os Meus Tambores” (2020), também foi representado pela poderosa faixa “Rompeu o Couro”. E, é claro, não poderiam faltar os hits “Desabafo” e “Qual É?”, entoados vigorosamente pelo público presente. Foi uma noite surpreendente e positiva, uma experiência que certamente permanecerá viva em minhas lembranças!
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