Oppenheimer: Maestria e ambiguidade no novo filme de Christophher Nolan

Oppenheimer” estreia amanhã, contando a história do físico criador da bomba atômica na Segunda Guerra Mundial. Com tom biográfico e atmosfera tensa, o filme nos leva à mente do cientista e suas consequências impactantes.

Estreia amanhã, dia 20 de julho um dos filmes mais esperados do ano: Oppenheimer. O filme conta a história do físico responsável pela criação da bomba atômica durante a segunda guerra mundial. Apesar do tom biográfico, o filme mantém uma atmosfera tensa ao longo das três horas de duração e nos transporta diretamente para dentro da mente do físico – responsável por uma das mais importantes criações do mundo e pela dor das consequências de sua obra.

Escrito e dirigido por Christopher Nolan, “Oppenheimer” é um thriller épico filmado em IMAX que leva o público ao centro do pulsante paradoxo vivido pelo enigmático homem que arriscou destruir o mundo para tentar salvá-lo. O filme é estrelado por Cillian Murphy como J. Robert Oppenheimer e Emily Blunt como sua esposa. Matt Damon, retrata o General Leslie Groves Jr., diretor do Projeto Manhattan, e Robert Downey Jr. interpreta Lewis Strauss, um dos comissários fundadores da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos. 

Baseado no livro “Prometeu Americano: O triunfo e tragédia de J. Robert Oppenheimer”, o filme não se resume apenas à criação da bomba atômica.

Na mitologia grega, Prometeu foi responsável por roubar o fogo dos deuses e entregá-lo aos mortais – transformando a humanidade. Porém, isto fez com que ele fosse preso e  torturado pela eternidade pelas próprias divindades. Não ironicamente após sua criação atômica, Oppenheimer se opôs ao uso de bombas nucleares e, em especial, da bomba de hidrogênio. Por consequência disto, ele acabou considerado indigno de confiança para lidar com os segredos do governo dos Estados Unidos. O livro que inspirou Nolan é de autoria de Kai Bird e Martin J. Sherwin e narra ao longo de mais de 600 páginas não apenas o envolvimento de Oppie com o Projeto Manhattan, mas também as consequências que foram não apenas à perseguição política, mas uma culpa e tormento que o acompanhariam até o fim de sua vida.

Foto: Divulgação

Como fã do trabalho do Christopher Nolan (“Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008), “A Origem” (2010), já esperava por uma narrativa não linear. Apesar do filme não possuir reviravoltas confusas nem exigir grandes análises posteriores, é preciso estar MUITO ATENTO(A) às trocas de tempo. Isto porque as cenas do presente, onde Oppie está trabalhando no laboratório, ocorrem simultaneamente às cenas dele sendo julgado posteriormente pela Comissão de Energia Atômica. Outra questão é que somos apresentados a muitos personagens e nem sempre fica claro de que “lado” eles estão. São informações que só teremos mais ao final da trama e que complementam o desfecho. Aliás, os personagens dificilmente são tão maniqueístas – isto é, “bons ou ruins”. Esse julgamento moral de “quem estava certo?” “haviam vilões?” é justamente uma questão que fica permeando na nossa cabeça por dias depois de assistir. 

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O filme traz diversas explicações científicas aprofundadas, mas não é essencial compreendê-las.

Tratando-se da biografia de um físico, muitas pessoas podem se sentir desinteressadas ou até mesmo acuadas com tantas informações técnicas. Porém, fique tranquilo quanto a isso pois as explicações são aprofundadas mas ainda sim nos permitem entender muito bem a narrativa. Diferente de “Interestellar” (2014), onde precisamos ler um guia depois de assistir, a pesquisa pós-filme de Oppenheimer pode ser sim muito interessante, mas não é obrigatória. O que pode causar confusão são a quantidade de personagens e tramas conectadas. Por isso reforço: preste atenção. É um filme longo, mas evite sair para ir ao banheiro e nem ouse olhar pro celular!

Oppenheimer é um filme excelente, difícil de digerir e que merece ser visto e discutido. Cillian Murphy está em uma das suas melhores atuações e que finalmente renderá ao irlandês o reconhecimento mundial que ele sempre mereceu. O diretor Christopher Nolan conseguiu muito bem transformar uma biografia em um drama que prende a atenção de forma interessante e coesa. Diferente de tudo o que ele já havia feito antes, o diretor consegue contar a história através do olhar dos personagens, sem conceitos de certo ou errado. Outros destaques foram as atuações de Robert Downey Jr, Emily Blunt e também o perfeito trabalho de som assinado por Ludwig Göransson. Não darei nota dez apenas por conta da duração. Penso que resolveria bem em 2h40 por aí, mantendo-se um filme longo e completo, mas sem cansar em alguns momentos. 

Nota: 9/10

 

SOBRE O AUTOR

Maria Eduarda Michael

Apaixonada por shows e pelo U2.

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